9 de abril de 2009

Dizia eu que isto do amor

é lixado. A gente não percebe nada.

Às vezes gosta-se de alguém e é uma loucura. Depois tudo muda. E depois tudo volta a mudar outra vez. O bom a apagar o mau. Mas o mau, pá, o mau é tramado. Choramos, sofremos, morremos. Ficamos calados, olhos postos no nada, à espera que passe.
De vez em quando tentamos. Dizemos que estamos diferentes, que aprendemos com os erros do passado. De vez em quando é verdade. De vez em quando. Porque andamos sempre nisto. Muitas vezes. Too many lovers in one lifetime ain't good for you, lembro-me.

Um desencontro dos diabos. E diziam-nos que era simples. Aqueles malditos poetas. Nós sabemos lá. Nós pensávamos que íamos ter o mundo nas mãos. As coisas que nós íamos fazer, as viagens, os empregos. Os livros que nós íamos escrever. Os filmes que íamos realizar. As coisas importantes a que iríamos dedicar o nosso tempo. Os amores perfeitos que íamos viver. Porque isso do amor, vamos lá ver, ou se sente ou não se sente. Ou se gosta ou não se gosta. E quando se gosta, é todos os dias, a todas as horas, sem falhas, sem dúvidas, sem mancha. O dia-a-dia não nos destrói. Não a nós.

Diziam-nos que era simples. Aqueles malditos escritores de canções.

- Já não há relações,
desabafava-me uma amiga muito querida no outro dia, um dia depois de se separar do marido. Estava triste a minha amiga. É a terceira ou a quarta vez que sofre por amor.
- Mas desta vez é diferente.

E ouço o meu amigo H. dizer que não quer saber mais do amor, que está farto, que não percebe.
Eu também não percebo.
Mas depois penso numa tia minha, separada, mãe de um homem mais do que feito, que encontrou uma bela e serena paixão ali para os lados de Oeiras e está tão feliz que só quer ir para a pré-reforma, viver a vida e passear na marginal de mão dada com o seu novo homem. Ela, que já morreu de amor e outras coisas.
Não sei o que dizer à minha amiga e ao meu amigo. Talvez falar-lhes desta minha tia. Talvez ler-lhes um poema. É lixado, isto.
E, de repente, tudo muda. A gente sabe lá.

2 comentários:

Anónimo disse...

Olha, gostei muito. É isso que dizes. É muito isso. "A gente sabe lá". É preciso é que os amores fiquem curados. É preciso saber resistir àquele cantinho confortável e protegido. Quanto mais tempo lá ficarmos, menos queremos saber do amor. O melhor é amar sem perdição. Se ela vier, peito ao alto, aguentar como Homem (ou Mulher) e esperar pelo próximo. Há sempre. Olha a tua tia...

Jo disse...

É isso aí, Imaculada. Curar os amores. Ou deixar que nos curem os amores. Volta sempre.