Que saudades do tempo em que os filmes nos tocavam, mas não nos despedaçavam. Que saudades de chorar, mas não de sofrer. Que saudades de pensar que aquilo era tudo muito intenso e muito duro e muito real, mas ainda não nos tinha acontecido. Que saudades de ver um filme e não a nossa vida, os nossos sentimentos, os nossos pensamentos, os nossos medos, as nossas dúvidas, os nossos falhanços, as nossas merdas. Que saudades de dizer é só um filme. Que saudades de ir ao cinema para sentir coisas novas, diferentes. Que saudades de pensar que isto do cinema-verdade é que é.
Eu até nem me posso queixar muito. Sempre tive uma vida bem lixadinha. Nunca me faltou, por isso, matéria-prima da realidade.
Mas agora é diferente. Agora já passámos por aquilo. Já pensámos naquilo. Já sofremos por causa daquilo. Já sabemos como é. Aquilo. A vida. Crescer. Perder.
Isto tudo a propósito desses filmes que por aí andam. O Revolutionary Road e o tal do Benjamin Button e o Milk e essas películas todas muito bem feitas e cheias de frases sentidas e actores a sério e argumentos sólidos. Tudo muito poderoso, muito pensado.
Não sei. Acho que gostava mais quando o cinema era a fingir. E quando aqueles senhores no ecrã não liam os meus pensamentos.
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5 comentários:
BB: "It's a funny thing about comin' home. Looks the same, smells the same, feels the same. You'll realize what's changed is you. "
Eu tenho a certeza que gostava muito mais com era tudo a brincar ao faz de conta.
Ainda não visionei os outros, mas depois de ver a mulher de 68 anos que atravessa o canal da mancha a nado no Benjamim Button acho que devias mas era mandar essa melancolia à merda, com licença da palavra.
E como eu queria ter escrito antes em outra posta de pescada: sim, o melhor ainda está para vir. Acredita mana!
f.s. foi linda a tua festa pá e estão belas as fotografias.
Tá porco não se poder votar em vários quadradinhos.
Ahhhhh, as agruras do voto. There can be only one...
(Na próxima sondagem talvez considere essa hipótese)
E sim, o melhor ainda está para vir. Aqueles senhores do cinema escusavam era de nos quererem enviar mensagens a toda a hora. Limitem-se a contar histórias, pá! Vivó policial! Vivó filme histórico!
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